O pior da política

eolicas.gifDepois de ter aprovado, na sexta-feira, a proposta do BE para a criação de uma nova taxa sobre os produtores de energias renováveis, no valor de 250 milhões de euros, o PS mudou de ideias e agendou uma nova votação da proposta para hoje, alterando o sentido de voto. Neste processo “encontramos o que de pior há na política”, criticou Jorge Costa, deputado do BE, ao intervir no debate de hoje.

Muito mal o PS na recta final da aprovação do OE, quebrando compromissos assumidos e cedendo em toda a linha ao lobby da EDP, em prejuízo dos interesses dos cidadãos, contribuintes e consumidores. Como referiu Jorge Costa, entre defender os interesses dos Portugueses, que pagam uma das maiores facturas energéticas da Europa, ou proteger os avultados lucros do grupo EDP, o PS mostrou claramente qual é o seu lado.

Receio que isto não seja apenas mais uma manobra errática e desastrada de um governo desorientado, do género da precipitadamente anunciada transferência do Infarmed para a cidade do Porto. Talvez seja mesmo um sinal claro dos limites da capacidade reformista da geringonça. E de como continua vivo o velho PS da promiscuidade, das negociatas e da troca de favores entre as elites políticas e as empresas do regime.

Em todo o caso, 250 milhões de euros são quase metade dos 600 a 650 milhões que seriam necessários para a recuperação do tempo de serviço dos professores e a respectiva recomposição das carreiras. Quando voltarem a dizer que não há dinheiro para progressões, tenha-se a consciência de que essa falta resulta de uma opção política que hoje é evidente: temos um governo que troca o reconhecimento de direitos pela protecção de privilégios.

4 thoughts on “O pior da política

  1. Vital Moreira alega “direitos contratuais” dos investidores da EDP, que segundo ele obrigariam o Estado ao pagamento de avultadas indemnizações caso avançasse a contribuição proposta pelo BE.

    Não sou jurista, mas desconfio destas interpretações jurídicas que blindam os negócios e garantem os lucros do grande capital mas permitem todo o tipo de atropelos aos direitos dos cidadãos e aos contratos que, por exemplo, os funcionários públicos também celebraram com o Estado, seu patrão.

    Do que não tenho dúvidas é das fortes pressões que terá havido ao mais alto nível, durante o fim de semana, para que o PS desse o dito por não dito.

    E convencesse quem ainda duvidava de que não podem, de forma alguma, obter uma maioria absoluta.

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  2. Breaking news:

    O Presidente da República esteve presente num encontro de empresários e gestores que se sentem algo “desanimados” (se não era este o termo era um parecido, talvez “angustiados”) porque não têm condições para investirem e/ou não confiam na solução política actual.
    Marcelo, sem quaisquer entrelinhas ou sofisticações afirmou que sim, que muitos nunca imaginariam que a solução política encontrada vingasse durante este tempo todo. E, ainda, que neste momento era a política a liderar a economia.

    Resumindo, isto resumo eu, olhem eu também não pensava que isto durasse tanto tempo, vão ter de aguentar alguma primazia da política sobre a economia, eu sei que isto angustia, mas olhem para o bright side da coisa, não tem havido grandes convulsões sociais, o que querem que eu vos diga mais. Aguentem um pouco, tenham um pouquinho mais de paciência que melhores dias virão de novo para vós, ó empresários e gestores do meu país.

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