Professores contratados estavam a ser impedidos de subir aos novos escalões por não terem sido avaliados por motivos que não lhes são imputáveis. Com eleições à porta, o Governo apressou-se a corrigir a injustiça, mas criou outra: há docentes do quadro na mesma situação, que não foram contemplados com idêntica medida. Resultado: se dantes os contratados eram discriminados no impedimento de acesso à carreira, agora a discriminação afecta quem entrou nos quadros.
Talvez legislar com sobriedade, ponderação e sentido de justiça ajudasse a obviar a estes casos recorrentes. Ouvir os professores e quem os representa em vez de decidir contra os interesses e sobretudo os direitos dos governados, protegidos pela Constituição e a Lei. Semear deliberadamente a arbitrariedade e o tratamento injusto entre os professores, como forma não muito subtil de dividir para reinar, foi estratégia que já teve melhores dias. E que nos últimos tempos tende a virar-se contra os próprios governantes.
O Sindicato Independente dos Professores e Educadores (SIPE) acusou, esta terça-feira, o Governo de violar o princípio da igualdade. A estrutura sindical alerta que os docentes contratados vão passar a ganhar mais do que os do quadro.
O Governo garantiu, no início deste ano, que os professores a contrato vão receber atualizações salariais relativas às subidas de escalão e com efeitos retroativos.
O Ministério da Educação esclareceu também, este mês, ao jornal “Público”, que os professores contratados podem progredir e subir no escalão sem a avaliação de desempenho. Vários docentes estavam a ser impedidos de progredir, por não terem sido avaliados devido a ausências por doença.
O SIPE aponta, que apesar de ter feito “pressão” para que tal tivesse acontecido, “a nova lei não abrange os docentes do quadro”. “Só a partir do momento em que cumpram o último requisito é que progridem de índice, sem os mesmos efeitos retroativos”, explica o SIPE, em comunicado enviado esta terça-feira às redações.