O DN faz o ponto da situação da incidência da covid-19, uma doença global que, de pandemia, parece estar a passar a uma nova fase epidémico-endémica. À diminuição dos contágios no período de Verão, deverá seguir-se um aumento dos casos no Outono, graças a condições mais propícias à propagação dos vírus e ao aumento da concentração de pessoas em espaços fechados. Admite-se o retomar de algumas medidas de protecção, uma monitorização cuidadosa dos novos casos, especialmente entre os grupos de risco, e a continuidade dos reforços vacinais para a população mais vulnerável. Mas estarão excluídos, à partida, novos confinamentos.
Quanto às escolas, já lá vai o mito de serem espaços seguros: os especialistas reconhecem que, embora a covid-19 tenha um impacto quase nulo em crianças e adolescentes, as escolas são locais de risco devido à concentração por períodos prolongados em espaços fechados e mal ventilados como são, em geral, as salas de aula. Escusado será dizer que o que está a ser feito para mitigar estes riscos, ajustando a dimensão das turmas em função do tamanho das salas e monitorizando a qualidade do ar nos espaços escolares, corresponde a um rotundo zero…
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Existe, atualmente, domínio de circulação da BA.5, mas não se sabe quais as variantes ou subvariantes do SARS-CoV-2 que vão surgir. “Uma coisa é certa: elas vão existir”, avisa Froes. “É inevitável”.
E diz mais: “O vírus vai continuar a evoluir e a apresentar mutações. Faz parte da sua natureza”. Portugal pode mesmo ser a porta de entrada para uma nova variante, segundo o pneumologista. A culpa é da prevalência da atual subvariante.
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Para já, é expectável um novo aumento de contágios e o início do ano letivo vai potenciar este crescimento. “As aulas são sempre um fator determinante, quer no aumento de casos quer na diminuição”, sublinha Carlos Antunes, que recorda o que se verificou quando, em maio/junho, terminaram as aulas . “A diminuição de casos foi determinante graças a esse factor. Muito mais preponderante foi o fator das aulas do que propriamente a existência de eventos ou festas populares”, analisa o matemático, da equipa da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que desde o início da pandemia faz a modelação da evolução da covid-19.
Trata-se de um grupo populacional [os alunos] que convive em grande número e em espaços fechados, portanto, um potencial transmissor do vírus, refere, “apesar do dano para esta população ser reduzido, quase nulo”.
É expectável um aumento de casos associado à proximidade do outono, que se pode traduzir, “numa primeira fase, em setembro, num aumento muito ligeiro” e poderá acentuar-se em outubro, “à medida que nos vamos aproximando das épocas mais frias”.
Acresce ainda o facto desta população ter “uma taxa de vacinação inferior”. Na faixa etária dos 5 aos 11 anos, por exemplo, a cobertura vacinal completa (duas doses) é inferior a 50%, de acordo com os dados do relatório semanal da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Filipe Froes recomenda que as crianças que ainda não têm o esquema vacinal primário completo devem concluí-lo “para permitir não só uma maior proteção, mas, provavelmente, diminuir a circulação e a transmissão do vírus na comunidade, que também tem impacto noutros grupos etários e em termos sociais e económicos”.