Uma jornada de luta cheia de simbolismos, esta que a Fenprof e outras organizações sindicais de professores hoje iniciaram a partir de Chaves. Um palco que liga o país de norte a sul, desde Chaves, na raia transmontana, até aos ares oceânicos de Faro. O quilómetro zero, de onde se deu a partida, evoca o ponto onde ainda se encontram, paralisadas, as tentativas de negociar a devolução do tempo de serviço ainda por recuperar. E até os seis dias e meio de viagem previstos encerram uma mensagem: não é preciso fazer tudo de uma vez, a recuperação, tal como uma longa viagem, pode ser feita por etapas. A distância ou as dificuldades de percurso não nos devem fazer desistir do que consideramos justo e necessário.
A iniciativa poderá ser vista por muitos como folclórica e secundária relativamente a outras formas mais musculadas de protesto. Mas não me parece que seja em vão. Percorrendo o interior profundo do país, esta caravana irá divulgar a luta dos professores em terras onde provavelmente o tema nunca teve visibilidade pública. É certo que, afastada das grandes cidades e principais eixos de circulação em quase todo o percurso, a visibilidade pública não será a mesma que se obtém com manifestações e marchas no centro das maiores cidades. Mas há que ter em conta, num momento em que se nota já uma certa saturação dos media em relação ao tema dos professores, que nestas alturas tende a haver uma maior receptividade da imprensa local e das delegações dos jornais nacionais à divulgação das iniciativas locais.
Em paralelo a esta acção de luta da plataforma de sindicatos prossegue a greve promovida pelo STOP às provas de aferição. Uma vez mais, lutas que se somam e que convergem num fim comum: manter viva a luta dos professores.
A Estrada Nacional 2 (EN2) transforma-se a partir desta segunda-feira no palco da luta dos professores, que durante uma semana vão percorrer o país, entre Chaves e Faro, para reclamarem a recuperação do tempo de serviço.
Do quilómetro zero, na cidade de Chaves, Norte do distrito de Vila Real, saiu esta segunda-feira uma caravana de professores, maioritariamente delegados e dirigentes sindicais, em carros e motos, para viajarem pela estrada que une o país e se tornou numa atracção turística.
A recuperação do tempo de serviço dos professores – seis anos, seis meses e 23 dias – não é o único problema que afecta a classe docente, mas, segundo Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), “será um problema central nesta caravana”.
“Nós temos 738,5 quilómetros pela frente, vamos faze-lo em seis etapas e meia. O ministério tem seis anos, seis meses e 23 dias para recuperar aos professores, pode fazê-lo faseadamente”, salientou.
O objectivo da iniciativa é dizer ao Governo que, “quando a quilometragem é muito grande e é exigente, tal como o tempo de serviço que está por recuperar – 2393 dias – é sempre possível por etapas, faseadamente, conseguir dar resposta”.
“Só não há solução para este problema do tempo de serviço e da carreira se não houver vontade política e se não houver a consciência e a responsabilidade da parte do Governo em relação às escolas e em relação ao final do ano lectivo”, realçou Mário Nogueira.
Na sua opinião, o quilómetro zero tem também “algum simbolismo” relativamente ao “que tem sido a acção do Governo para a educação”.
“Zero em vontade política de responder aos problemas da educação e das escolas, zero em capacidade e vontade política de dar resposta àquelas que são as exigências dos professores”, salientou.
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