Desta vez, não houve marinheiros insubordinados a impedir o navio de se fazer ao mar. Foi o próprio Mondego que se insubordinou, recusando-se a seguir viagem. E agora? Será que o garboso comandante da Marinha vai processar o navio insurrecto? Duvido. Nestas coisas, prevalece a velha máxima: o material tem sempre razão! Se o navio está velho e cansado e ainda por cima não recebe a manutenção necessária o mais natural é que falhe as missões que lhe são confiadas. E isso não é culpa da maquinaria ou de quem lida com ela: é mesmo das chefias militares que em vez de fazerem o que devem – garantir a plena operacionalidade dos meios à sua responsabilidade – preferem dedicar-se a encontrar culpados e a crucificá-los na praça pública por ousarem dizer que o rei vai nu.
E antes que venha de lá o habitual discurso patrioteiro: um militar pode ter de arriscar a vida em defesa da pátria, não para safar comandantes incompetentes. Volto a dizê-lo, os militares que denunciaram publicamente o estado das embarcações que asseguram a vigilância costeira mais depressa deveriam ser condecorados do que castigados. Estavam e estão cheios de razão, e o Mondego que hoje regressou a reboque, no final de mais uma missão abortada, só o veio confirmar.
A sucata flutuante
Uma vez; duas vezes! Não importa! O que importa é cumprir a “missão”- e que missão! Mesmo que uma irrelevante “missão” ponha em risco vidas humanas.
É este o raciocínio do “garboso” marinheiro que – evidentemente – não nasceu para … raciocinar .
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