Aprender pela televisão

tv-educativa.jpgDe Espanha chega-nos um bom exemplo, que também poderia ser replicado por cá: em resposta ao fecho das escolas, e em apenas quatro dias, foram preparadas 300 horas de conteúdos educativos para transmissão televisiva.

Na base da iniciativa conjunta do ministério da Educação, dos produtores que cederam os respectivos conteúdos e dos canais televisivos que estão já a emitir os programas, encontra-se uma ideia simples e eficaz: chegar, com estas emissões, até às crianças e jovens que não têm computador ou internet para aceder às aprendizagens online que estão a ser promovidas em muitas escolas.

Claro que por cá também se poderia fazer algo semelhante, tirando partido da televisão, existente nos lares de praticamente todas as famílias, e do seu potencial educativo. Isto se na corte ministerial existisse efectiva liderança, organização e capacidade de trabalho. Infelizmente, abundam os inúteis, as picaretas falantes e os que, como qualquer bom malandro, se especializaram em mandar trabalhar os outros.

A pandemia do coronavírus fechou todas as escolas em Espanha, deixando 9,5 milhões de alunos sem aulas presenciais, e transformou a televisão pública numa ferramenta educativa. A partir desta segunda-feira, alunos entre 6 e 16 anos terão uma hora de aulas diárias na La 2 e no canal Clan para compensar a falta de aulas presenciais. Às segundas-feiras, haverá Matemática; às terças-feiras, Ciências Sociais; às quartas-feiras, Educação Física e Educação Artística; às quintas-feiras, Língua e Línguas; e às sextas-feiras, Ciências Naturais.

A ideia partiu da ministra Isabel Celaá, que procurava um canal de aprendizagem alternativo ao online porque há famílias que não têm computadores porque se encontrarem em condições socioeconómicas desfavorecidas, ou porque vivem em zonas onde o sinal da Internet não chega, ou porque os pais estão em teletrabalho e precisam dos dispositivos electrónicos para trabalhar.

Celaá falou com a presidente da RTVE, Rosa María Mateo, que colocou toda sua equipe no desenvolvimento do projeto, o que é inédito na história da televisão espanhola. Ao mesmo tempo, o Instituto Nacional de Tecnologias Educativas e Formação de Professores (Intef) do Ministério da Educação contactou 14 editoras e nove portais educativos que disponibilizaram o conteúdo gratuitamente.

“Em apenas quatro dias, uma equipa composta por uma dezena de professores tem vindo a seleccionar os conteúdos e a dar-lhes coerência pedagógica e curricular. Eles fizeram um esforço impressionante e as pessoas trabalharam de casa, a 200%, para ter todo o material pronto. Há 300 horas de aulas que serão transmitidas nas próximas duas semanas, a uma taxa de cinco horas por dia”, explica Carlos Medina, diretor do Intef, que é o órgão público encarregado de integrar a tecnologia na formação de professores.

O horário foi concebido para 15 dias mas, após a extensão do estado de alarme por mais 15 dias, os técnicos e professores da RTVE continuarão a preparar mais conteúdos. Cada faixa horária será atribuída a um grupo etário: 9:00h para crianças entre seis e oito anos; 10:00h para crianças entre oito e 10 anos; 11:00h para crianças entre 10 e 12 anos; 12:00h para crianças entre 12 e 14 anos, e 13:00h para crianças entre 14 e 16 anos.

2 thoughts on “Aprender pela televisão

  1. Recebi hoje o meu recibo do vencimento de março, no qual me são descontados dois tempos na componente não letiva de estabelecimento por ter feito greve a uma reunião geral de professores por causa do COVID. Isto sucedeu depois de ter falado com o responsável da secretaria e explicar a situação.

    Como é possível?

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