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Se o Governo tem esta percepção, que se adivinha realista, de que dificilmente teremos aulas presenciais no terceiro período, então conviria que o ME abandonasse de vez o estado de negação em que se tem refugiado. E, em vez de andar a passear o ministro pelos programas de entretenimento televisivo, a encomendar vídeos aos youtubers da moda e a enviar recados pela comunicação social, trabalhasse com as escolas e os professores na criação de condições mínimas para enfrentar este desafio colectivo.
Há antes de mais, duas realidades distintas que esta semana e meia de ensino não presencial claramente evidenciou:
- Um elevado número de professores, provavelmente a maioria, que conseguiu manter o contacto com os alunos recorrendo às tecnologias de comunicação à distância. Nalguns casos usando plataformas e recursos que já antes estavam presentes na prática pedagógica, noutros casos explorando-as e descobrindo-as em tempo recorde.
- Do lado dos alunos, a par de uma maioria que, em tempo de isolamento social, faz da internet a sua praia, e que não teve dificuldade em manter a conexão com a escola e os professores, regista-se igualmente um número significativo de alunos que, pura e simplesmente, desligaram da escola. A maioria destes, quero crer, porque não têm acesso a computador e/ou internet em casa. Mas há também os que pura e simplesmente quiseram entrar em férias antes do tempo. E se já na escola presencial se sentiam obrigados a fazer apenas o mínimo dos mínimos, em casa acham que devem fazer ainda menos.
“Segurar” estes alunos irá ser, julgo, o maior desafio de uma escola que, não sendo agora presencial, não pode por isso passar a ser menos inclusiva. E esta é uma responsabilidade que nos envolve a todos, a começar por um ME demasiado avesso a responsabilizar-se seja pelo que for.
Ouvi dizer que o ministro da educação, Tiago Brandão Rodrigues, anda por aí em programas de daytime a dizer coisas….O ministro responsabiliza-se lá pelo que é necessário fazer-se! Um líder do caraças.
Um facto bastante interessante: os meus alunos mais hiperactivos nas aulas (os “pain in the neck”) têm sido os que mais vão dando feedback e os que se mostram mais cumpridores e interessados nas atividades (poucas e diversificadas e curtas) que lhes tenho enviado.
E faz um certo sentido – nem em casa devem conseguir estar quietos…..
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