O exemplo islandês percorreu ontem a comunicação social, mas a semana de 35 ou 36 horas com apenas quatro dias de trabalho vai sendo experimentada noutros países. Com vantagens evidentes no bem-estar e na motivação dos trabalhadores, na redução do impacto ambiental das deslocações para o trabalho e até na produtividade, pois mais importante do que o número de horas em que se está presente no local de trabalho é o trabalho que efectivamente se produz. E um trabalhador cansado e desmotivado tende a ser menos produtivo.
Claro que há profissões, nomeadamente aquelas em que se trabalha por turnos, onde a redução de horário levanta alguns problemas e pode implicar a contratação de mais pessoal. Mas isso não é um factor necessariamente negativo. Pelo contrário: o que se espera de uma economia e um Estado bem organizados é que sejam capazes de gerir os desequilíbrios, compensando com os ganhos que se obtêm de um lado as eventuais perdas que possam surgir. Até porque, com a economia a extinguir empregos a maior velocidade do que os está a criar, estamos perante uma inevitabilidade: ou passamos a trabalhar menos ou cada vez haverá mais gente sem trabalho.
Por cá, o relançar da velha questão da redução dos horários laborais obriga a evocar os tempos da troika e do governo de Passos Coelho, que à boleia da austeridade aproveitaram, não para reduzir, mas aumentar para as 40 horas semanais o horário dos funcionários públicos, uma situação entretanto revertida pela geringonça. Mas essa parece ser a sina da direita portuguesa: no duro e penoso caminho da luta pelos direitos dos trabalhadores e o progresso social, estão sempre a aparecer-nos em contramão…
Testes similares estão também a ser ponderados noutros países europeus.
Revolução horária em Traseiras de Judas
A Joaquina não se conforma com o recolher obrigatório às 11 horas da noite . E vai daí, desenrascada como é, rapa de uma comprida vara de sacudir a azeitona e zás : atrasa 4 horas os ponteiros do relógio da igreja, decidindo que a vida da pequena comunidade doravante passaria ser regulada pelo altaneiro mostrador.
Erudita, à sua maneira, esclarece : ” se nos fizeram engolir o acordo hortogarfo (sic) – o das hortas – atão também poderemos “implementar” a mesma hora legal do Brasil, porra! Assim temos mais horas de sol, como os nossos irmãos brasileiros, e o Coxa pode fechar a venda às mesmas 11 da noite (nossas), mas agora com a esplanada profusamente iluminada pelo resplandecente brilho das estrelas do firmamento” .
Quanto à trabalheira, agrada-lhe a opção da Islândia .Pudera! Diz que vai tentar convencer o presidente da Junta.
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