Plano de emergência para a falta de professores

Em declarações aos jornalistas em Barcelos, distrito de Braga, à margem da tomada de posse de Maria José Fernandes como presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Fernando Alexandre sublinhou que em meados de março ainda havia 1.172 alunos que tinham pelo menos uma disciplina sem professor desde o início do ano letivo.

“É uma situação gravíssima, um problema que é estrutural e que tem de ser resolvido rapidamente. Vamos apresentar um plano de emergência para resolver o problema da falta de professores em breve”, referiu.

O ministro ressalvou que o problema dos professores “não se resolve de um dia para o outro”, mas adiantou que o Governo, com o plano de emergência que será apresentado em breve, tentará evitar que, no próximo ano letivo, haja uma repetição do que aconteceu este ano.

Problema estrutural, senhor ministro? Até acredito que sim, aliás os professores, esses eternos incompreendidos, andam a dizê-lo há muito tempo: quando a actual geração se aposentar em massa- já está a fazê-lo, e muitos mais irão sair até ao final da década! – não haverá quem os substitua.

Curiosamente, não era assim que o PSD pensava aquando da sua última passagem pelo Governo, ainda não passaram dez anos: Nuno Crato afirmava então, alto e bom som, que tínhamos professores a mais. E toca de mandar embora mais de 30 mil professores qualificados que agora fazem cada vez mais falta.

Quando poderiam ter aproveitado a folga existente para proporcionar melhores condições de carreira, trabalho e estabilidade profissional aos professores, integrando os novos e preparando a saída gradual da geração mais antiga, preferiram eleger o sector da Educação para fazer poupanças orçamentais e engordar, via contratos de associação, os proprietários dos colégios privados. Com menos acinte mas idêntica determinação, deram continuidade à política hostil à classe docente iniciada por José Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues.

O problema é estrutural, diz o ministro, mas a verdade é que este tipo de problemas só se irão agravar enquanto tivermos governos que, na Educação, governam apenas em função da conjuntura. E uma conjuntura curta, ainda por cima, pois raramente se tomam medidas com um horizonte temporal maior do que os quatro anos que é suposto durar uma legislatura.

Comentar

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.