Algo despudorada a forma como diversos políticos, no activo ou na reserva, se referiram aos resultados, ontem divulgados, dos testes TIMSS de 2015.
Do ex-ministro Nuno Crato, que reclamou os louros da subida de dois lugares no ranking da Matemática, mas se mostrou incapaz de reconhecer a ligação directa entre o maior investimento na disciplina e as áreas que por esse motivo ficaram para trás, o que se traduziu na descida de treze posições nas Ciências.
Curiosamente, invocou os seus antecessores, de Manuela Ferreira Leite e Marçal Grilo a David Justino a Isabel Alçada, mas preferiu ignorar Lurdes Rodrigues. E deu a inevitável receita para melhorarmos os resultados dos alunos a Ciências: criar mais um exame!
Já João Costa, o actual secretário de Estado da Educação, sublinhou a necessidade de melhorar nas Ciências sem perder os bons resultados alcançados a Matemática. Tem razão neste ponto, mas far-lhe-ia bem, se quer que o país continue a progredir nestes testes internacionais, que repensasse bem os experiencialismos ousados que anda a propor e que envolvem até 25% do tempo curricular. Mais sensato seria, por certo, avaliar e consolidar o que já fazemos bem e dar estímulos e condições aos professores para fazerem ainda melhor, em vez do presente envenenado da autonomia sem meios nem orientações que serve apenas para descartar de responsabilidades os responsáveis políticos.
O que, a uns e a outros, ficou por fazer, foi dar os parabéns aos professores e alunos do 1º ciclo pelo trabalho que levou à melhoria dos resultados na Matemática e até, se olharmos para a evolução a longo prazo, nas Ciências. Por tudo o que têm conseguido fazer, apesar do pouco que lhes é dado e do muito que lhes é exigido.
Por acaso isso é falso. Estive na sessão de apresentação do TIMMS e as primeiras palavras do João Costa foram de parabéns às escolas, destacando os professores e os alunos.
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Correcto, admito que sim, como aliás Nuno Crato também acabou por dizer algo nesse sentido.
Espero que a actuação política em relação aos professores e às escolas venha a ser coerente com as palavras de circunstância.
Tenho expectativas moderadamente optimistas em relação a esta equipa ministerial, à mistura com algum cepticismo, e há críticas que lhes tenho feito que ficarei satisfeito se se vier a verificar que não têm fundamento.
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