Paulo Rangel, a eminência parda do PSD que em tempos recusou o convite para ser Ministro da Educação, vem agora, em tom grave e pretensioso, criticar o novo ministro pelo que tem feito no cargo e, sobretudo, porque é isso que os mói, pelo que tem andado a desfazer da política do governo anterior.
Mais lhe valera ficar caladinho, porque as críticas que faz poderiam ir direitinhas para o governo de Passos Coelho, pois foi Nuno Crato que, entrando “de supetão”, acabou com os prémios para os melhores alunos, anulando a sua distribuição depois de já terem sido atribuídos; foi com o anterior governo que programas disciplinares recentes foram alterados sem qualquer avaliação; que sem qualquer “debate alargado” foi decidida a introdução de exames no 4º e 6º anos e das famigeradas metas de aprendizagem; que sem “fundamento consistente” se fizeram experimentalismos em torno da organização e desenvolvimento curricular, os quais resultaram em empobrecimento do currículo e ma imposição de metas de aprendizagens desajustadas dos anos de escolaridade para os quais foram prescritas.
Era por isso escusado o pedantismo do eurodeputado, o treinador de bancada que não quis largar a tribuna de Estrasburgo para assumir uma pasta governativa em relação à qual há muito aparenta estar cheio de ideias e convicções. Se elas têm alguma correspondência com a realidade, isso já será outra conversa. O opinador que se calou quando foi outro ministro, o que foi ocupar o lugar que ele não quis, a agir da forma que agora critica a Tiago Rodrigues. O eurodeputado que, da sua zona de conforto estrasburguesa, vaticina um “grande desastre”, quando o que vemos é, na forma gongórica e desorientada como critica, um grande desastrado.