O director da OCDE favorito do governo português, precisamente o que se ocupa dos assuntos da Educação e que é visita regular e inspiradora no nosso país, esteve desta vez em Espanha no lançamento do seu novo livro.
Patrocinado pela OCDE e pela Fundação Santillana, o livro está disponível online no site da organização e é certamente leitura recomendável para as noites de insónia.
Por agora, bastam algumas citações da entrevista promocional que Schleicher concedeu ao El Mundo para perceber que o discurso continua a ser o do demagogo bem-falante que já conhecemos por cá. E que a educação dita do século XXI não passa de um conjunto de modas e ideias completamente submetidas à lógica e aos interesses de uma agenda educativa que as multinacionais, as fundações e os países mais poderosos querem impor à escala global.
Basta substituir Espanha e espanhol por Portugal e português, para se perceber que o diagnóstico e a receita são os mesmos em todo o lado: a memorização, a escola “industrial” do século XIX, os professores que precisam de “apoio”, as turmas que não precisam de ser mais pequenas, as retenções que custam dinheiro…
Os alunos memorizam mas não aprendem.
Os alunos espanhóis são bons a reproduzir os conteúdos das disciplinas. Mas são menos bons a aplicar o seu conhecimento de forma criativa e a ter uma ideia conceptual e profunda do que aprendem. A aprendizagem centra-se na memorização, faltam estratégias de pensamento complexo.
Aprender mais com menos currículo.
Em Espanha talvez se pudessem reduzir os conteúdos do currículo, que é quilométrico mas pouco profundo. É importante ensinar aos alunos para além das disciplinas académicas e isso significa que os professores de diferentes disciplinas têm que aprender a colaborar mais entre eles.
Leis, escolas, fábricas: tudo do século XIX…
Não creio que as diferentes leis educativas tenham tido um impacto real no que acontece nas aulas. As leis em Espanha são como os regulamentos de uma grande fábrica: alguém no Governo diz como deveriam funcionar as escolas e de imediato os professores implementam essas práticas e os alunos estão nas aulas para consumir essas lições. É quase como uma versão do século XIX da educação.
O tamanho das turmas não interessa.
Quando temos que decidir entre ter uma turma mais pequena ou um melhor professor, devemos centrar-nos em melhorar a qualidade dos professores. Se não mudarmos as práticas docentes, ter uma turma mais pequena não vai servir de nada.
Cada aluno repetente custa 20 mil euros.
Cada repetente em Espanha custa 20.000 euros. O fracasso não ocorre quando os estudantes abandonam, mas muito antes. Com apoio pessoal prévio podemos travar as repetições.
O politicamento correcto no seu esplendor – tudo a funcionar como no séc. XIX (!!!?) em vez de no séc XXI e defesa hipócrita do fazer “diferente” com mais cortes e menos meios.
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De tantas vezes repetido o mesmo discurso…até parece “lavagem cerebral”.
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