A DGAE convida…

edugest.JPGDepois de os ter convidado a conferir os dados do recenseamento, a DGAE voltou a recorrer à mailing list dos professores portugueses para lhes apresentar uma nova proposta.

Caro(a) Docente,

O presente questionário insere-se no projeto de investigação EDUGest – Gestão Escolar e Melhoria das Escolas, um projeto financiado pela Fundação Belmiro de Azevedo e desenvolvido pela Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa, em colaboração com a DGAE (Direção-Geral da Administração Escolar).

O questionário inclui questões de caracterização sociodemográfica e a Escala de Avaliação da Gestão Instrucional do Diretor, desenvolvida pelo Professor Phillip Hallinger. É ANÓNIMO E ABSOLUTAMENTE CONFIDENCIAL, sendo as respostas rececionadas única e exclusivamente pela equipa de investigação do projeto, que se compromete à preservação dos dados recolhidos de acordo com a Carta Ética da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação.

É um questionário a ser preenchido apenas por Educadores de Infância e Professores, que se encontrem em exercício de funções.

Não sendo já a primeira vez que a DGAE surge a fazer este tipo de convites aos professores, é inevitável perguntar: o que levará um organismo governamental, com funções específicas e bem definidas, a promover iniciativas de instituições privadas?

Talvez a resposta a esta dúvida se encontre na natureza do inquérito aos docentes que os investigadores pretendem realizar: focando o sempre sensível tema da gestão escolar, as suas conclusões terão óbvio interesse, não apenas para a academia, mas também para quem tutela as escolas e as suas “lideranças”. Sobretudo se as perguntas que coloca forem as adequadas

Quanto ao inquérito propriamente dito, e independentemente do interesse que este, em concreto, possa ter – e que irei analisar oportunamente – há uma objecção de fundo que coloco a investigações desta natureza. É que elas tomam o actual modelo concentracionário e burocratizado de gestão escolar como um dado adquirido. Admite-se que a gestão dos senhores directores possa ser melhorada e aperfeiçoada em diversos pormenores. Mas sempre sem pôr em causa o carácter unipessoal do órgão de direcção, o processo de escolha dos directores ou mesmo a excessiva dimensão de muitas unidades orgânicas – os chamados mega-agrupamentos.

Se não me custa reconhecer que alguns directores conseguem fazer um bom trabalho à frente das suas comunidades escolares apesar deste modelo de gestão escolar, também não posso ignorar que ele promove, em demasiados sítios, a afirmação de autênticos tiranetes locais a quem confere excessivo poder. Ora ao responderem em massa a inquéritos como aquele que agora é proposto, há uma leitura que pode ser feita e que me parece não corresponder, de todo, à realidade: a de que os professores estão globalmente satisfeitos com a forma como as escolas são governadas e apenas alterariam, no actual modelo, alguns pormenores de somenos importância.

Haverá por certo outros assuntos neste momento prioritários na agenda reivindicativa dos professores. Mas essa realidade não deve deixar cair no esquecimento uma exigência fundamental dos professores: a de um modelo mais democrático e participativo de gestão das escolas portuguesas.

3 thoughts on “A DGAE convida…

  1. Tem razão.

    Um estudo, financiado, aparece assim……pofffff

    Já a investigação publicitada, não financiada, sobre o burnout dos professores recebeu críticas de alguns……professores.

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  2. Também recebi e não vou participar… Tenho mais que fazer!
    Para quem não tem respeito por nós, professores, de mim não levam nada!

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