Menos ecrãs, sff.

A ilusão do facilitismo digital, o dinheiro europeu que nunca falha para este tipo de projectos, os lobbies da economia digital sempre atentos à oportunidade de negócio, um governo à procura de popularidade fácil e de uma imagem de modernidade, e aí temos tudo o que é preciso para justificar a aposta precipitada nos manuais digitais. O digital é o mundo deles, dizia uma das mais as acérrimas e acríticas seguidoras do ministro João Costa. Eles, é claro, são os alunos, as eternas cobaias de projectos “inovadores” insensatos e impensados, impostos por gente que nunca irá sofrer na pele as consequências do quer impor aos outros. Cretinos digitais, como lhes chama Desmurget, que não conseguem sequer perceber que a função da escola não é dar aos alunos o que eles já conhecem e gostam, mas levá-los à descoberta do muito que ignoram, desafiando-os a aprender coisas novas.

Não foi preciso afinal muito tempo, e com isso me congratulo, para que uma sucessão de estudos especializados e um cada vez mais amplo movimento da opinião pública venham alertar para os malefícios da utilização precoce e excessiva dos ecrãs. E das vantagens, algumas insuperáveis, dos suportes tradicionais da leitura e da escrita. Em papel!…

O Movimento Menos Ecrãs, Mais Vida concluiu que 87% dos professores estão insatisfeitos com os manuais digitais, após a realização de um inquérito nacional junto de 175 docentes do 3.º ao 12.º ano e de educação especial. Avarias, falta de internet e de computadores, e alunos distraídos são os problemas apontados.

Os resultados deste inquérito foram enviados para o ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, com o pedido de suspensão imediata do projeto piloto, e o regresso aos manuais escolares em papel, à semelhança do que sucedeu noutros países, como a Suécia.

1 thoughts on “Menos ecrãs, sff.

  1. Fábrica de cretinos digitais – Michel Desmurget – pág. 211

    “…os écrans minam os três pilares mais importantes do desenvolvimento infantil.

    A interação humana (…)

    A linguagem (…)

    A concentração (…)”

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