A ilusão do facilitismo digital, o dinheiro europeu que nunca falha para este tipo de projectos, os lobbies da economia digital sempre atentos à oportunidade de negócio, um governo à procura de popularidade fácil e de uma imagem de modernidade, e aí temos tudo o que é preciso para justificar a aposta precipitada nos manuais digitais. O digital é o mundo deles, dizia uma das mais as acérrimas e acríticas seguidoras do ministro João Costa. Eles, é claro, são os alunos, as eternas cobaias de projectos “inovadores” insensatos e impensados, impostos por gente que nunca irá sofrer na pele as consequências do quer impor aos outros. Cretinos digitais, como lhes chama Desmurget, que não conseguem sequer perceber que a função da escola não é dar aos alunos o que eles já conhecem e gostam, mas levá-los à descoberta do muito que ignoram, desafiando-os a aprender coisas novas.
Não foi preciso afinal muito tempo, e com isso me congratulo, para que uma sucessão de estudos especializados e um cada vez mais amplo movimento da opinião pública venham alertar para os malefícios da utilização precoce e excessiva dos ecrãs. E das vantagens, algumas insuperáveis, dos suportes tradicionais da leitura e da escrita. Em papel!…
Os resultados deste inquérito foram enviados para o ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, com o pedido de suspensão imediata do projeto piloto, e o regresso aos manuais escolares em papel, à semelhança do que sucedeu noutros países, como a Suécia.
Fábrica de cretinos digitais – Michel Desmurget – pág. 211
“…os écrans minam os três pilares mais importantes do desenvolvimento infantil.
A interação humana (…)
A linguagem (…)
A concentração (…)”
GostarLiked by 1 person