Concurso em 2018 resolve problemas do de 2017?

alexandra-leitaoNão me parece. Em todo o caso, vejamos o que foi anunciado pelo ME logo após as reuniões de sexta-feira com os sindicatos:

“Decidimos que vamos permitir a esses professores para o próximo ano corrigir as preferências que fizeram este ano. Como? Abrindo um concurso interno antecipado para 2018-2019, concurso esse que será seguido do da mobilidade interna, na qual poderão manifestar novas preferências, apresentar uma nova candidatura, no quadro dos horários existentes”, disse aos jornalistas a secretária de Estado Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão.

Assinale-se antes de mais este voluntarismo que parece a manifestação de uma marca genética do PS cada vez que se abeira do poder: a imposição, perante problemas criados pela sua inépcia, de soluções que ninguém pediu e que estão longe de dar resposta à situação complicada de quem foi prejudicado. Neste caso concreto, a atitude é ainda mais condenável por o seu anúncio ser feito logo a seguir ao encontro com os principais sindicatos, sem que uma palavra tenha sido dita, a esse respeito, aos representantes dos professores.

“É lamentável que o ministério da Educação reúna com as plataformas sindicais e não tenha apresentado a proposta na reunião”, disse o secretário-geral da Fenprof.

Na solução apresentada pelo governo, o que não se compreende é como um concurso interno facultativo – só concorre quem não estiver satisfeito com a sua situação – pode resolver os problemas das ultrapassagens de professores dos QZP na obtenção de determinadas vagas. É que os que estão bem, obviamente, deixam-se estar. E não indo os seus lugares a concurso, os que estão longe também não se conseguem aproximar.

Um caso diferente sucederia se o ME abrisse lugares nos quadros de escola onde hoje estão colocados professores dos QZP. Estes ficariam sem horário e teriam, independentemente da sua vontade, de concorrer. Mas nada garante que o concurso interno, sem abertura de vagas em número significativo, não seja apenas para inglês ver. As intenções ministeriais não são claras e a única coisa que se percebe é a necessidade de desmobilizar as hostes de professores revoltados, acenando-lhes, para daqui a um ano, com a possibilidade de uma colocação à porta de casa.

2 thoughts on “Concurso em 2018 resolve problemas do de 2017?

  1. Este artigo diz tudo!
    Sem cessarem os lugares da mobilidade interna vamos ter um não concurso!
    Para além disso é necessário que as colocações sejam por graduação profissional em todas as fases do concurso ( sem prioridades). Só assim se consegue um concurso justo!
    E temos que ser nós professores a lutar porque os sindicatos estão tão comprometidos como o ME nas cada vez maiores injustiças de um concurso que já foi justo ( talvez para angariar novos sócios ..,)

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    • Apenas acrescento ao comentário da Clara Mesquita que as vagas do concurso interno têm que ser as reais. É absurdo o que acontece em muitas escolas/agrupamentos com dezenas de horários completos ocupados em MI e que correspondem a necessidades permanentes. Da realidade de conheço (Porto) existem grupos disciplinares onde metade dos professores estão em mobilidade.

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