Um aumento muito modesto, este que o Público e os dados estatísticos preliminares da DGEEC referenciam: representa um acréscimo de apenas 1% de novos alunos num universo ligeiramente superior ao milhão e meio de crianças e adolescentes.
A principal explicação para este aumento é o alargamento da frequência da educação pré-escolar, fenómeno que deve ser visto em conjugação com a inversão do declínio demográfico vivido nos tempos da troika. Entre 2015 e 2019 houve uma modesta inversão da tendência de redução do número de nascimentos, interrompida em 2020 com a chegada da pandemia. E são estas crianças que estão agora a chegar ao sistema educativo, os mais novos aos infantários e os restantes às escolas do primeiro ciclo.
Embora os dados divulgados não sejam esclarecedores, outro factor que estará certamente a contribuir para o aumento das matrículas é a imigração: de norte a sul, continua a crescer o número de alunos estrangeiros nas escolas portuguesas. Uma realidade que não é nova, mas para a qual a maioria das escolas se continua a debater com a falta de recursos para dar uma resposta educativa adequada, sobretudo tratando-se de crianças ou jovens que não dominam a língua portuguesa.
Este desafio, a que nas escolas se tenta responder da melhor forma, deveria envolver mais empenhadamente o ministério, nomeadamente fornecendo, ou facilitando a obtenção, dos meios humanos, materiais e financeiros necessários para apoiar os novos alunos que chegam. Não basta ter uma direcção-geral só para fazer estudos, estatísticas e instrumentos de planeamento: é preciso mobilizar o conhecimento adquirido, antecipar os problemas e as necessidades futuras, construir soluções a tempo e horas, em vez de continuar a correr atrás do prejuízo com medidas casuísticas e decisões tomadas em cima do joelho. A burocracia não deve ser um fim em si mesma, mas estar ao serviço das pessoas e do bom funcionamento das organizações.