Apoiei sem reservas a iniciativa de transmitir, durante o confinamento escolar, aulas televisivas para os diversos níveis de ensino. Não sendo a solução perfeita, o #EstudoEmCasa foi, na maioria das disciplinas, um complemento válido dos programas de ensino remoto de emergência criados pelas escolas, especialmente relevante nos casos em que o acesso à internet e a meios de comunicação síncrona entre alunos e professores era limitado ou inexistente.
No entanto, a partir do momento em que se definiu superiormente que o 2020/21 seria um ano lectivo presencial, em que as escolas se manteriam abertas a todo o custo e os eventuais confinamentos seriam sempre excepcionais e pelo menor tempo possível, deixou de fazer sentido insistir na programação de aulas pela televisão. Ainda para mais quando sabemos que o orçamento para a Educação continua a ser escasso e nem em tempo de pandemia se equacionou reforçar as verbas disponíveis ou acudir às verdadeiras prioridades do sector. Que nesta altura passam, essencialmente, por melhorar as condições em que se estuda e trabalha nas escolas.
Não sei se o que ditou a continuidade da telescola foi simples incompetência no planeamento do novo ano lectivo, cedência à inércia ou a um lobby recém-formado, expressão da eterna desconfiança em relação ao trabalho dos professores ou a aposta num trunfo mediático que no ano anterior trouxe alguns resultados positivos à imagem pública do ME. Em qualquer dos casos, as audiências nulas ou residuais dos programas confirmam o que era mais do que previsível desde o início: se os alunos têm escola presencial a tempo inteiro, não faz sentido propor-lhes mais do mesmo como trabalho de casa. Dinheiro deitado à rua, portanto.