Tiago Brandão Rodrigues continua tão alheado dos problemas e das realidades do sector que tutela como quando, já lá vão cinco anos, se tornou ministro da Educação. Deixando a tutela pedagógica sobre as escolas ao secretário de Estado que é, cada vez mais, o ministro de facto, empurrando a gestão administrativa e financeira e as obras escolares para as autarquias e mandando cumprir, em tudo o resto, as orientações do Ministério da Saúde e do das Finanças, continua sem se perceber bem para que serve este ministro que, em vez de falar com as pessoas, compreender os problemas e construir consensos em torno das melhores soluções, prefere fechar-se no seu gabinete. De onde sai, de quando em vez, para ir à bola, a inaugurações de algo em escolas amigas ou, como foi ontem o caso, para dizer uns disparates.
Na verdade, o número natalício ontem protagonizado por TBR no Parlamento não é propriamente original. É relativamente frequente que políticos medíocres, sem estratégia, conhecimento dos dossiers ou capacidade de resposta ensaiem o caminho da chicana política, atacando a oposição como se fosse esta que estivesse a governar e deixando sem resposta as questões pertinentes levantadas pelos deputados de vários quadrantes políticos. Pelas evocações feitas e a retórica usada, atrever-me-ia até a alvitrar que não foi apenas o ministro que escreveu o discurso…
E é claro que, aos profissionais da Educação continuamente destratados por este ministro e o Governo a que pertence, nada interessam os bravos que ontem lhes quis dirigir. Preferiríamos decerto, em vez dum cinismo feito de palavras ocas, a honestidade de admitir os problemas, o reconhecimento dos nossos direitos e uma real valorização do nosso trabalho.