Já o escrevo há vários anos: em vez de um currículo construído de sucessivas camadas eduquesas – programas, metas, orientações, aprendizagens -, resultado incoerente de cada governo, cada associação profissional ou científica, cada grupo de trabalho, querer deixar a sua marca, há que deitar tudo fora e ter a coragem de construir de novo e de raiz. O que o grupo de peritos propõe para a Matemática deveria aplicar-se à generalidade das disciplinas.
Os documentos estruturantes do currículo deveriam ser mais objectivos, claros e concisos. Concebidos como instrumentos de trabalho e não como intragáveis exercícios da erudição barroca dos seus autores, o que sucede demasiadas vezes.
E não, não necessitamos de metas de aprendizagem, como pretendia Nuno Crato, nem de aprendizagens essenciais, como defendem os actuais governantes, para saber o que devemos ensinar. Precisamos apenas de um programa para cada disciplina. Curto, claro, exequível, que defina com rigor aquilo que todas as crianças e jovens que frequentam o sistema educativo português devem aprender.
Ao contrário do que parecem pensar os responsáveis educativos, na sua defesa insensata de flexibilidades a 100%, existe uma coisa que se chama o currículo nacional, que é para ser cumprido e respeitado. Não consta que a Lei de Bases do Sistema Educativo tenha sido revogada…