“Conseguimos atingir o objetivo: falar-se da escola pública e dos não docentes, dos problemas dos assistentes operacionais, dos assistentes técnicos e dos técnicos-superiores. Temos uma taxa de greve acima dos 65%, o que traduz o desânimo das pessoas”, afirmou Francisco Pinto, secretário-geral do Sinape, ao JN.
De acordo com Francisco Pinto, até às 11 horas desta segunda-feira, encerraram 62 escolas, de norte a sul do país, devido à greve convocada pelo Sinape. “Há regiões em que temos um grande fecho de escolas, noutras regiões não houve fecho mas há ausência de trabalhadores”, afirma o secretário-geral do Sinape.
Enquanto os professores discutem o sindicato bom e o mau, discorrem sobre as virtudes e defeitos da greve à sexta-feira e elaboram boas desculpas para passarem à margem da luta colectiva, o pessoal não-docente encerra escolas de norte a sul do país. Os números divulgados só devem pecar por defeito, pois em todas as regiões vamos tendo notícia de diversas escolas encerradas por falta de pessoal.
Habituados ao concentrar das atenções na sua justa luta pela recuperação integral do tempo de serviço, muitos professores ignoram a situação ainda mais difícil e degradante de outros profissionais da Educação igualmente essenciais, que com a sua ausência conseguem fechar uma escola muito mais facilmente do que os professores.
Os salários dos assistentes operacionais estão alinhados pelo salário mínimo, o que significa que cada um destes trabalhadores leva para casa pouco mais de seiscentos euros. Os assistentes técnicos, apenas um pouco mais. As progressões são possíveis, mas difíceis, estando as classificações de mérito, tal como sucede com os professores, sujeitas a quotas. Sem obter nunca um Muito Bom ou um Excelente, são necessários dez anos de serviço para subir de escalão remuneratório.
Muitos destes trabalhadores, considerados indiferenciados, realizam frequentemente trabalhos que requerem alguma especialização, nomeadamente em áreas técnicas e no acompanhamento individualizado de alunos com necessidades especiais. Nada disto é valorizado, continuando o Estado a dar o mau exemplo da aposta nos baixos salários e na desqualificação de trabalhadores que evoluem ao longo da sua carreira – o que deveria ser reconhecido e recompensado – e que são essenciais ao funcionamento dos serviços públicos.