Quando o Governo português faz orelhas moucas às reivindicações da classe docente, levar os problemas e as injustiças de que são vítimas os professores portugueses às instituições europeias pode ser uma forma de combater o bloqueio negocial. Sobretudo porque uma boa parte das queixas têm subjacentes situações de desrespeito pela legislação comunitária: professores em igualdade de circunstâncias a serem tratados de forma diferente, eternização da precariedade e, ultimamente, restrições à liberdade de reunião e manifestação e ao direito à greve.
Claro que aqui não deve haver lugar para ilusões: uma eventual internvenção da União Europeia nunca irá substituir a luta, persistente e determinada, dos professores. Mas pode contribuir para isolar o Governo português, sempre tão carente das boas graças e dos apoios europeus para o financiamento das suas políticas…
O envio de delegações ao Parlamento Europeu anda a ser preparado e está para breve, mas uma reunião da plataforma de sindicatos com a representação portuguesa da Comissão Europeia decorrerá já esta semana.
Para as organizações sindicais de docentes, ainda que os problemas que afetam os professores tenham de ser resolvidos pelas instâncias de poder nacional, designadamente Governo e Assembleia da República, as organizações sindicais consideram haver lugar a diligências que as instâncias europeias poderão desenvolver. Em relação ao Parlamento Europeu, os contactos serão feitos através dos partidos políticos que elegeram eurodeputados, tendo já sido pedidas reuniões a todos eles; já esta reunião, destina-se a fazer chegar à Comissão Europeia diversas informações, solicitando uma intervenção junto do Governo Português.
Na agenda, as organizações sindicais levarão problemas relacionados com desigualdades que persistem, nomeadamente em relação aos docentes com contrato a termo, mas também entre docentes dos quadros, com ultrapassagens na carreira e nos concursos para colocação de docentes. Na reunião serão ainda colocadas outras questões, prioritariamente a que se refere a restrições ao exercício de atividade sindical, com algumas escolas a imporem serviços mínimos quando se realizam reuniões sindicais, e ao direito à greve.
Centenas de professores em protesto junto à Ponte 25 de Abril.
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