Uma manifestação grandiosa: 80 a 100 mil professores e outros defensores da escola pública, protestando contra os serviços mínimos e a falta de respostas do Governo às reivindicações dos profissionais da Educação. Contrariaram-se assim os vaticínios dos que temiam que uma segunda manifestação nacional em tão pouco tempo, convocada em reacção à imposição abusiva de serviços mínimos como forma de ataque directo ao exercício do direito à greve.
Perante um Governo empenhado em neutralizar o STOP e os muitos milhares de professores que aderem às suas iniciativas, a ideia subjacente a esta segunda marcha sobre a capital parece fazer sentido: acima dos governantes está o Presidente, e embora este não possa invadir a esfera de competências do poder executivo, há todo um magistério de influência que diversos presidentes, e Marcelo não é excepção, sempre souberam utilizar. A questão será sempre saber até que ponto o Presidente deseja envolver-se neste assunto, e já se percebeu que a vontade não é muita.
Num registo salomónico, a Presidência recebeu os representantes do STOP, embora Marcelo, como já se esperava, não estivesse presente. Foi à assessora e ex-ministra da Educação Isabel Alçada que coube registar a aventura destes manifestantes que percorreram a capital e tomar nota da sua mensagem para o Presidente. Fica também, deste dia por certo memorável para os participantes, a evocação inspirada de Nelson Mandela, feita pelo líder do STOP, o incansável André Pestana: perante uma injustiça, neutralidade é estar do lado do opressor!