A ideia não é nova. Em boa verdade, este mantra neoliberal que manda libertar de impostos os rendimentos dos ricos, para que eles invistam e criem emprego, já vem sendo posto em prática há quase meio século. Desde que, com Thatcher e Reagan, as teses neoliberais passaram a determinar a política económica e a fiscalidade num número crescente de países, as trickle down economics têm conduzido a uma cada vez maior acumulação de riqueza entre os mais ricos, um crescimento das desigualdades sem que isso se tenha traduzido em mais crescimento ou criação de mais emprego.
Claro que, em última análise, se retirarmos direitos e capacidade reivindicativa aos trabalhadores, se instituirmos a precariedade e os baixos salários como norma, acabaremos por criar algum emprego. Não sei é qual poderá ser o futuro de um país de criados de servir.
Imagem do Facetoons
Ah, mas o Joaquim, a Judite , a Amélia , o Ambrósio, etc, são agora trabalhadores qualificados, faltando-lhes, quiçá, um MBA……..
E como não há empregos para a vida, terão de se reinventar para a manutenção da inteligência artificial.
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A questão não é apenas saber se eles criam empregos ou não. Supondo que alguns criam emprego, importaria questionar que empregos eles criam, com que condições e como pagam, se é que pagam. Certos empreendedores queixam-se muito de que não conseguem arranjar trabalhadores. Não há ninguém que queira trabalhar…,dizem. Claro que se lhes pagassem um salário justo, as pessoas aceitariam, naturalmente.
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Exacto. Mais do que trabalhadores, o que eles querem, e este boneco do Antero exprime-o magistralmente, é criados às ordens.
A baixa produtividade costuma ser apresentada como problema dos trabalhadores portugueses e desculpa para não aumentar salários, quando ela é na verdade um problema das empresas e da má qualidade da gestão. Forçadas a pagar melhores salários – e estão a sê-lo, porque cada vez mais competem no mercado de trabalho europeu, para onde os portugueses emigram se por cá os salários continuarem a ser uma miséria – as empresas que dizem que não aguentam só sobreviverão com melhor organização e desenvolvendo verdadeiras competências de gestão, que não passam apenas pela exploração permanente de trabalhadores mal pagos e descartáveis.
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