Entre a recauchutagem de um sortido variado de velhas correntes pedagógicas e o fascínio da “transição digital”, os pedagogos do regime continuam à procura de receitas infalíveis para o sucesso educativo. Escola motivadora e divertida, aprendizagens imediatas e sem esforço, muita tecnologia… mas apenas daquela mais limpinha, segura e pronta a usar, a das imagens virtuais e dos dedinhos a deslizar nos ecrãs. Como nota o professor universitário José Lopes:
Em boa verdade, o fascínio dos pedagogos do regime com o uso didáctico das tecnologias dá-nos um vislumbre da escola classista do futuro, activamente promovida pelo partido que se diz socialista: as escolas dos ricos com laboratórios para fazer experiências reais e meter a mão na massa; também com campos desportivos, jardins, bibliotecas e auditórios; em contraponto, nas escolas dos pobres prevalecem os artefactos tecnológicos e as experiências virtuais que se exibem nos ecrãs.
Claro que se um dia lá chegarmos dirão que não era nada disto que queriam. Mas é mesmo o caminho do empobrecimento das aprendizagens que se escolhe, quando se desinveste em recursos materiais e humanos na escola pública e se degradam as condições de trabalho dos profissionais da Educação, ao mesmo tempo que se anunciam os maiores investimentos de sempre nas tecnologias digitais.
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