Ainda será cedo para conclusões definitivas, mas pelo que se vai sabendo, parece que esta greve geral da administração pública está a ter níveis de adesão que poucos esperariam, tendo em conta o actual momento político. Mesmo sabendo que do outro lado não existe um governo a prazo, sem capacidade de negociar compromissos para o futuro, os trabalhadores das escolas, hospitais e outros serviços públicos aproveitaram a oportunidade para mostrar a sua frustração e o seu descontentamento, ao fim de tantos anos de promessas vãs e soluções adiadas.
Adianta pouco virem, os detractores de todos os protestos laborais, com o estribilho das greves à sexta-feira e dos fins de semana prolongados, como se, por exemplo, os trabalhadores não docentes que hoje encerraram as escolas tivessem, com o salário mínimo que recebem ao fim do mês, dinheiro para extravagâncias.
A verdade é que, venha o governo que vier, há um trabalho a fazer na dignificação do trabalho nos serviços públicos, que passa pela revalorização das carreiras e tabelas salariais, a melhoria das condições de trabalho, o rejuvenescimento dos quadros e uma avaliação do desempenho incentivadora do mérito e da melhoria da qualidade do serviço em vez de meramente economicista, punitiva e vexatória para os profissionais. Esquecidos e maltratados por sucessivos governos, os trabalhadores em greve fazem questão de o relembrar.