Miguel Prudêncio traz às páginas do DN um tema polémico, mas pertinente: com 85% da população vacinada contra a covid-19, um recorde mundial para o qual contribuíram também, decisivamente, os jovens a partir dos 12 anos que aceitaram vacinar-se em massa, faz sentido manter em vigor, nas escolas, praticamente as mesmas regras que foram impostas no auge da pandemia?
Claro que já se percebeu há muito a irrelevância prática dos “circuitos” de circulação ou da desinfecção sistemática de mãos e objectos partilhados. Já se assumiu a normalidade da lotação completa nos transportes escolares e dos alunos sentados dois a dois nas salas de aula. A questão essencial é, neste momento, o uso da máscara. Sendo uma medida comprovadamente eficaz a evitar a disseminação do vírus por pessoas infectadas, ela transmite uma sensação de segurança e parece ter criado até uma certa habituação da qual é difícil desprendermo-nos. Por outro lado, sabemos que, embora diminuam bastante o risco de contágios, as vacinas não eliminam por completo nem a possibilidade de se ser infectado nem a de transmitir a outros a doença. E como ninguém quer ser responsável por eventuais surtos em ambiente escolar, continua a imperar, nas normas sanitárias para as escolas, uma prudência por muitos considerada excessiva.
Do ponto de vista pedagógico, bem como na perspectiva do desenvolvimento pessoal e social de crianças e adolescentes, é evidente que o uso da máscara é limitativo e prejudicial, pelo que deveria ser dispensado assim que possível. Afinal de contas, prometeram o regresso à vida normal quando fossem alcançados os 85% na taxa de vacinação. Nas escolas, as bocas e narizes permanentemente tapados dificultam a comunicação e recordam-nos, a cada momento, como estamos ainda longe da normalidade.
E que dizer da imposição, que se mantém, de crianças com um ou dois anos, que estejam a iniciar o jardim de infância, terem de ser entregues a estranhos, à porta da escola? Se algum deputado tivesse filhos ou netos nesta situação, compreenderia a crueldade desta exigência. Não imaginam o stresse que estão a viver crianças pequeninas e respetivos pais.
Já há quem pergunte se podem abrir salas de infantário em discotecas…
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