A Fenprof analisou os dados das listas provisórias de graduação dos concursos de professores, traduzindo-os em números que expressam bem a política de precariedade e instabilidade profissional que continua a ser a sina de muitos professores portugueses.
Só depois dos 40 anos de idade e 10 a 16 de serviço, a maior parte destes a fazer substituições em horários incompletos, é que a maioria dos docentes podem aspirar a uma vinculação ao abrigo da chamada norma-travão. Esta norma foi estabelecida precisamente para combater a precariedade e dar garantias de vínculo profissional a professores que efectivamente asseguram necessidades permanentes do sistema. Na prática, ela constitui de facto um travão ao ingresso na carreira, pois por cada professor que entra ao abrigo desta medida há muitos mais que ficam de fora, por não cumprirem as suas condições restritivas.
Como é evidente, uma profissão com estas características está longe de ser atractiva, mesmo para jovens que sentem forte interesse e vocação pela docência. E isso vai-se pagar, mais cedo ou mais tarde. Com a aposentação da actual geração de professores, chegará uma altura em que precisaremos de dezenas de milhares de novos docentes qualificados, que não estarão disponíveis no mercado de trabalho.
A verdade é que nem toda a gente está disposta a percorrer o país de casa às costas, a troco de um salário que muitas vezes nem chega para as despesas. E se há umas décadas atrás havia muitos jovens professores que faziam de bom grado o sacrifício, é porque sabiam que, com regras de concursos mais justas e uniformes, todos acabariam por ter a sua oportunidade de vincular. Nos tempos que correm, as regras arbitrárias, os regimes de excepção e a manta de retalhos em que se tornou o concurso de professores tornam tudo mais injusto e imprevisível.
Comunicado completo da Fenprof sobre esta matéria aqui.
” com a aposentação da actual geração (…) precisaremos de dezenas de milhares”
Sim, serão necessários muitos, mas cautela com as previsões : não poderemos esquecer o seguinte : como a partir do 2º ciclo (pelo menos) os docentes que se aposentam têm um horário de 14 horas lectivas , significa que o número de entradas é inferior ao número de saídas – “grosso- modo”, se saem 1000, entram 600. E depois temos o decréscimo do número de alunos… Aumentar “artificialmente” as necessidades ? Bem, saltam-nos ao caminho os contribuintes e o senhor ministro das Finanças.
Temos diplomados a mais como, aliás, em qualquer outra formação , salvaguardando uma ou outra excepção. Vejam, em Setembro, o número que fica sem colocação. O que lhes “vale” são as 12.000 baixas médicas que se seguem, mais uns bons milhares em MpD ( sem horário lectivo! ) ..
E se faltassem – por exemplo – uns quantos “Licenciados em Ensino de História” , seria reprovável contratar um Licenciado em História (há tantos!), este muito mais apetrechado cientificamente ? Como era “antigamente” ? A formação didactico- pedagógica? Teriam na Escola o “coordenador” para os orientar.
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“Aumentar “artificialmente” as necessidades ?”, escreve a maria.
Não será “artificialmente” se pensarmos que o nº de alunos por turma deve ser bastante mais reduzido para um melhor sucesso do ensino e das aprendizagens dos alunos.
Tantos planos e projectos e reformas que resultam em tão pouco porque as condições para a sua aplicação esbarram nas condições pré-existentes. que os governos se recusam a alterar.
Acrescente-se que depois, temos os apoios e os projectos pr’o sucesso e inclusão – resmas deles- e mais as tutorias e as coadjuvações cujos resultados ficam muito aquém do esperado
Essas horas, que vão para a componente não lectiva, devem estar na componente lectiva. Bem como mais horas para a direção de turma.
Tudo isto não tem nada de artificial. Tem a ver com opções políticas.
Artificial é este andar à volta do problema qual traça taralhoca à volta de um candeeiro.
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Saídas profissionais
Um “Ensino de… “, se não encontrar uma escola que o acolha terá poucas chances no mercado de trabalho ; já o Licenciado em Engenharia , Economia, etc. , caso quisesse experimentar a profissão docente e retrocedesse, as perspectivas de emprego eram outras, por razões óbvias .Este pormenor não é de somenos. Evitar-se-iam muitos becos sem saída.
(não nego a necessidade de, este último, paralelamente adquirir uma formaçãozinha naquelas “ciências” – como era noutros tempos).
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“já o Licenciado em Engenharia , Economia, etc. , caso quisesse experimentar a profissão docente e retrocedesse, as perspectivas de emprego eram outras, por razões óbvias .”
Infelizmente, a realidade não é assim tão óbvia.
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“O que lhes “vale” são as 12.000 baixas médicas que se seguem…”
A maria insiste muito nesta situação.
Qual é a razão para este azedume?
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