Com regularidade, a imprensa vai dando conta de uma realidade indesmentível: as aposentações de professores continuam a aumentar, consequência inevitável do envelhecimento da classe e do desgaste acumulado por muitos dos seus melhores profissionais que, assim que atingem a idade legal, não hesitam pedir a reforma. Alguns antecipam mesmo a saída, aceitando condições penalizadoras da sua pensão para melhor preservarem o que lhes resta da sua saúde física e mental. E as entradas para os quadros não estão a acompanhar o ritmo das saídas, agravando o fenómeno da precariedade docente.
Da parte de quem decide estas coisas, a inacção e o silêncio são totais. Incentivos aos professores que aceitem colocações em zonas do país onde há notórias dificuldades de recrutamento estavam previstas para o OE 2021, mas não constam do documento apresentado ao Parlamento. Alterações à política de quadros e concursos também não são expectáveis, quando o ME anda há quase um ano a recusar reunir-se com os sindicatos. E 2021 será ano de concurso interno, que neste contexto deverá continuar a reger-se pela velha e desajustada legislação.
A médio e longo prazo, o cenário é ainda mais preocupante. Muitos professores profissionalizados, afastados da profissão pelo desemprego e a precariedade das colocações, acabaram por enveredar por outras carreiras e profissões e, nas condições actuais, dificilmente regressarão ao ensino. E os jovens professores que estão a formar-se presentemente são em número muito inferior às necessidades que irão surgir nos próximos anos.