Aparentemente descartada a hipótese de antecipar as férias escolares para aliviar um pouco a crise pandémica, percebe-se que a hipótese que foi sendo aventada ao longo da semana se destinou apenas a preparar o terreno para as duas tolerâncias de ponto que se avizinham. E que já mereceram as habituais críticas da Confap e de outros sectores preocupados com os pais que não têm onde deixar as crianças.
Com esta medida, António Costa procurará agradar aos professores e outros funcionários do Estado e de alguma forma aliviar, com dois fins-de-semana prolongados, o stress e o cansaço acumulados ao longo do primeiro período. Mas não tenhamos ilusões: estes mini-confinamentos não irão alterar significativamente a evolução da pandemia.
Da experiência até agora adquirida, sabemos que é necessário tempo, pelo menos três ou quatro semanas de aplicação contínua, para as medidas anti-covid demonstrarem os seus efeitos. Neste sentido, antecipar o final do primeiro período teria certamente maior impacto na redução dos contágios que inevitavelmente acontecem, embora raramente se admitam, em contexto escolar – incluindo recreios, refeições em conjunto, aglomerações nos acessos e transportes escolares. Em termos pedagógicos seria até menos prejudicial, em vez deste pára-arranca, eliminar do calendário escolar um semana tradicionalmente menos produtiva.
Do extenso e confuso pacote de medidas restritivas anunciadas no sábado, continua a ressaltar a ideia de que o perigo pode estar em todo o lado, menos nas escolas, que são espaços seguros e devem a todo o custo continuar abertas. Resta saber se o caprichoso vírus que há quase um ano nos atormenta e os imprevidentes cidadãos que lhe facilitam a vida estarão dispostos a colaborar com os planos de António Costa.
https://duilios.wordpress.com/2020/11/24/ha-turmas-a-funcionar-com-alunos-positivos-em-casa/
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