A directora da Unicef Portugal defende que as escolas deviam acolher, durante o Verão, as crianças que tiveram dificuldades de aprendizagem através no ensino à distância imposto pela pandemia para tentar diminuir as desigualdades. […]
Vou acreditar nas boas intenções da embaixadora da Unicef e notar apenas o seguinte: se as suas declarações fazem sentido na perspectiva de uma escola inclusiva, apta a dar mais aos que mais precisam, na prática as coisas não funcionam como propôs. Por muitas saudades que tenham da sua escola, ir para lá quando outros estão de férias seria sempre entendido como um castigo.
Mesmo tendo adoptado uma retórica parecida com a que o ME usava quando queria impor as suas reformas educativas aos professores, que era a de que estava a ouvir os alunos e a ir ao encontro das suas necessidades e aspirações, desta vez a conversa ministerial é outra. E Tiago Brandão Rodrigues já ontem desenganou a voluntariosa embaixadora: os professores precisam de férias!
O ministro falou verdade, mas não gostei do tom que usou, quase como se estivesse a dar-nos uma benesse em vez de reconhecer um direito. E depois há outra coisa: não me parece que a proposta feita em nome da Unicef, que no essencial consiste em oficinas criativas e outras actividades de ocupação de tempos livres, tenham de ser necessariamente desenvolvidas por professores.
Na verdade, nada impede que a todo o momento, e não apenas por causa da pandemia, se criem respostas sociais para crianças e jovens desacompanhados pelas famílias durante as férias escolares. O erro é pensar-se que devam ser os professores a responsabilizar-se por elas, quando podem bem ser entregues a outras pessoas com formação ou experiência adequadas.
Claro que o verdadeiro problema, aqui, é o mesmo de sempre: o dinheiro. O dinheiro que existe para os bancos na quantidade que for preciso, mas que sempre escasseia quando está em causa a educação das novas gerações. A ideia é poupar sempre, e isso consegue-se contando sempre com os mesmos para trabalhar. E quando não se pode fazer porque os professores têm direito às férias, então é simples: não se faz.
António,
Não será essa uma função destas instituições? (Ou não funciona com a qualidade desejável?)
http://www.cartasocial.pt/resultados_pesquisageral.php?pag=1&cod_distrito=06&cod_concelho=0&cod_freguesia=0&cod_area=1&cod_valencia=1105&temCert=false
Aqui para os meus lados, não há disto nas escolas. Só fora delas.
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Claro, uma coisa é educação; outra é apoio social às crianças e às famílias. Cada macaco no seu galho, e nem o professor deve ser visto como um animador de tempos livres nem ao animador ou monitor se exige que “dê o programa”.
Na nossa ingenuidade, partimos demasiadas vezes do princípio de que embaixadoras da Unicef ou ministros da Educação falam do que sabem, e sabem do que estão a falar, quando falam de educação…
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Reflexão assertiva do António Duarte.
Deixo uma sugestão, uma vez que já são mais de 130 os projetos denonimados de “Conselho X Ensina+” ou Conselho y Educa”, no âmbito do Programa Norte 2020, num orçamento que não tarda a chegar aos 100 milhões de euros, porque não colocá-los em favor dessa resposta social? O dinheiro já lá está e já.
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denominados
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Conselho Geral, Conselho Pedagógico, Conselho de Docentes e Conselho de Vila Real, irra, Concelho.
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