Entre recuperação integral ou faseada de tempo de serviço. Rui Madeira, o director da Escola Artística António Arroio, já decidiu: em vez de deitar contas à vida e de calcular qual das opções mais o beneficia – ou menos o prejudica -, abdica do “prato de lentilhas”. Se não lhe devolvem os quase dez anos de tempo de serviço que foram descontados, então prescinde de receber os 2 anos, 9 meses e 18 dias, seja qual for a modalidade de recuperação.
Assinale-se antes de mais a coragem e a coerência: ainda foram muitos os que, no calor da luta pela recuperação integral, anunciaram a sua opção radical pelo tudo ou nada. Mas depois do balde de água fria que foi o chumbo parlamentar da reivindicação dos professores, rapidamente se esqueceram as juras solenes. Raros foram os que se assumiram publicamente dando o dito pelo não dito. Mas quase todos correram para o “simulador do Arlindo” a ver qual das alternativas de recuperação do tempo os prejudicava menos. E lá meteram, sendo caso disso, o devido requerimento…
Não foi o caso do professor Rui Madeira. Em carta aberta dirigida aos responsáveis ministeriais, este colega renuncia à recuperação mitigada de tempo de serviço que lhe querem oferecer. Não quer servir de exemplo para ninguém nem exortar os outros a fazer o mesmo. Mas não se sente bem a seguir o rebanho quando a sua consciência lhe manda tomar um caminho diferente, ainda que sacrificando ganhos materiais.
Postas as coisas desta forma só temos, naturalmente, que respeitar.
De admirar a coerência e coragem.
De qualquer modo, compreende-se perfeitamente o outro lado da opção – a de se querer a recuperação de parte do tempo congelado faseadamente ou não, consoante as circunstâncias.
O que perturba é esta angústia revelada nas escolas e redes sociais com tantos pedidos de ajuda, sem qualquer esforço em perceber a situação de cada um/a professor. Compreende-se, mas fica-se ligeiramente chocado/a com este enfoque enquanto o resto vai passando nas entrelinhas.
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Se todos fizessem o mesmo, outro galo cantaria.
Tanto que se lutou e no fim ficamos contentes com uma esmola.
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A verdade é que a longa história da conquista de direitos políticos, sociais e laborais fez-se justamente de pequenos passos, de avanços e recuos e de lutas duras e demoradas para se conseguir, no fim, apenas uma pequena parte do que se pretendia. Mas nunca desistindo de lutar.
Respeito a opção e a coerência do colega, mas não sigo o seu exemplo.
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