Contrariando o cepticismo de muitos colegas, apoiei a substituição dos anacrónicos exames do 4.º ano por provas de aferição realizadas a meio do percurso escolar do primeiro ciclo. O novo modelo de avaliação externa é até, de certa forma, mais exigente: enquanto no modelo anterior se avaliavam apenas o Português e a Matemática, agora as provas incidem em todas as áreas curriculares. Incluindo a anteriormente desprezada área das expressões.
E é aqui, mais concretamente na Expressão Físico-Motora, que, de ano para ano, ressurge o problema: muitas escolas do 1.º ciclo não estão adequadamente equipadas para as actividades físicas. O que significa que, desde logo por falta de condições, os alunos não realizam ao longo do ano os exercícios que lhes vão ser pedidos nas provas.
Ora bem: isto não faz qualquer sentido. Muito menos a indicação de que os alunos devam ser transportados para outra escola do agrupamento que disponha daquelas condições. Ou ainda que – uma novidade deste ano – perante a falta de equipamentos as escolas improvisem a sua substituição. Mandam as boas práticas pedagógicas que só se avalie aquilo que se ensina, de preferência no mesmo contexto em que se aprende, mas este princípio elementar parece esquecido por quem decide nestas matérias.
Está-se, como continua a ser habitual entre nós, a construir a casa pelo telhado: primeiro dever-se-iam equipar todas as escolas do 1.º ciclo com os recursos adequados e só depois, quando todos os alunos praticassem com regularidade as actividades físico-motoras prescritas nos programas, se deveria proceder à avaliação do seu desempenho.
Republicou isto em Primeiro Ciclo.
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