Quem assim falou foi o ministro da Educação, seguindo uma linha de raciocínio muito cara a todos os dirigentes do ME: nós cortamos nos vossos salários, anulamos as vossas perspectivas de progressão na carreira, limitamos a vossa autonomia profissional e tornamo-vos escravos dos nossos projectos. Em contrapartida, vocês continuam a dedicar-se de corpo e alma aos vossos alunos e aos “projectos pedagógicos” das vossas escolas porque o vosso profissionalismo não vos permitirá outra coisa.
Sucede que a pseudo-reforma educativa em curso não só está longe de consensualizada entre os professores a quem foi imposta, como implica, para a sua execução plena, aumentar ainda mais o tempo de trabalho não lectivo dos docentes. O que colide com uma das principais reivindicações dos professores, que é justamente o excesso de trabalho burocrático e extra-lectivo, não reconhecido nem remunerado, que lhes é imposto todos os anos.
Os professores já perdiam demasiado tempo a elaborar projectos, planificações, relatórios e actas e a participar reuniões em supostamente pedagógicas, mas que na prática servem acima de tudo para alimentar uma máquina de produção de documentos que raramente servem para outro fim que não o arquivamento. E quem pensava que a introdução das TIC viria simplificar o uso da documentação, mais tarde ou mais cedo teve de se render às evidências: a facilidade com que hoje se redige no computador ou, ainda mais fácil, se vai copiando de um lado para o outro o que alguém escreveu, apenas levou à multiplicação irracional da papelada, agora em formato digital.
Pelo que a questão que agora se coloca é saber se os professores portugueses vão continuar a desperdiçar o seu próprio tempo, e por vezes até aquele que deveriam dedicar aos seus alunos, a projectos pedagógicos cuja única utilidade, até agora demonstrada, é satisfazer a teimosia e a vaidade pessoal dos seus mentores.
Serão coerentes os professores portugueses que, ao mesmo tempo que lutam contra os abusos nos horários e a sobrecarga de trabalho, aceitem a marcação de sucessivas reuniões que excedem em muito o tempo semanal legalmente previsto? Que se ofereçam para sacrificar o seu tempo livre a elaborar DACs? A reavaliar alunos com necessidades especiais, porque alguém decidiu que, como estava, não servia? A redigir todo o tipo de documentos que cada escola, no âmbito da sua nova “autonomia”, decida inventar?
Pela parte que me toca, a regra será o cumprimento escrupuloso do horário de trabalho e dos tempos destinados a cada actividade, lectiva ou não lectiva. O que não se fizer hoje, faz-se amanhã. O que não se consegue fazer, por falta de tempo ou de meios, não se faz.
É tempo de os professores portugueses, mais do que exigirem respeito, darem-se ao respeito.
Desta vez, estamos 1000% de acordo.
😆
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Alguma vez teria de ser… 🙂
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“Pela parte que me toca, a regra será o cumprimento escrupuloso do horário de trabalho e dos tempos destinados a cada actividade, lectiva ou não lectiva. O que não se fizer hoje, faz-se amanhã. O que não se consegue fazer, por falta de tempo ou de meios, não se faz.
É tempo de os professores portugueses, mais do que exigirem respeito, darem-se ao respeito.”
ABSOLUTAMENTE DE ACORDO!
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De acordo, tb.
Um exercício mental que temos de praticar. É difícil.
Conversar com os alunos vai tornar-se fundamental. Já há uns tempos que comecei a fazê-lo. E a resposta é que os sentimos do nosso lado.
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O prof José Pacheco está quase, quase a ter uma apoiante incondicional das suas propostas pedagógicas.
Sem stress, sem……..
Aqui:
https://www.noticiasmagazine.pt/2018/jose-2-pacheco-procurem-nas-escolas-professores-que-ainda-nao-tenham-morrido/
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Ultimamente, o prof. Pacheco tem explorado uma veia de tele-evangelista e demagogo que pessoalmente me desagrada.
Admito que a pedagogia da escola da Ponte e afins contribua para fazer os alunos felizes; já sobre os resultados que se conseguem tenho dúvidas que a informação disponível, escassa ou demasiado polarizada num ou noutro sentido, também não permite esclarecer.
O problema de fundo é que a sociedade não é aquilo que se constrói no quotidiano da Escola da Ponte. E isso leva-nos ao eterno dilema que atravessa o pensamento da Esquerda: devemos apostar na escola para criar o Homem Novo que irá transformar a sociedade em que vivemos, ou serão as reformas políticas e económicas que tornarão viável um novo modelo de escola e de sociedade?
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Para uma vida saudável, deveríamos ter 8h de sono, 8h de trabalho e 8h de lazer, está nas nossas mãos sabermos cuidar de nós. O que não ficar pronto paciência, não quero entrar para as médias dos atestados médicos, quero ter um fim de vida com saúde, digo isto todos os dias a mim própria, Mas é muito difícil de cumprir.
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