Eu gostaria de uma escola que tivesse a audácia, que corresse o risco de assumir a sua especificidade, de jogar a cartada de sua especificidade. Uma das causas do mal-estar actual parece-me ser que a escola quer comer de todos os pratos: ensinar o sistemático, mas também deleitar-se com o disperso, com o acaso dos encontros; recorrer ao obrigatório, mas tentando dissimulá-lo sob a aparência de livre escolha. Em particular a escola, frequentemente ciosa dos sucessos em actividades de animação, decanta-se em fórmulas mais suaves, mais agradáveis – mas vê-se obrigada a constatar que elas são inadequadas para ensinar álgebra ou para chegar até Mozart.
Direi até que não me parece um elogio à escola que os alunos cheguem a confundir a aula com o recreio, o jogo com o trabalho, que eles queiram prolongar a aula como um recreio, retornar à escola como a uma actividade de lazer – pois é realmente à escola que eles retornam? Temo que nessa altura a escola tenha abandonado o seu próprio papel – embora reconheça que em certos momentos, para certos alunos, pode ser indicado introduzir elementos de brincadeira, momentos de distracção, com a condição de que não se esqueça que estes são estimulantes intermédios, destinados a ser temporários.
Georges Snyders, A Alegria na Escola (1986).
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