A candidatura de António Nóvoa foi hoje notícia pela demissão do director de campanha que o acompanhava desde o início. Parece que estava planeado, para depois das eleições legislativas, a sua substituição por alguém ligado ao PS, partido onde parece haver uma forte apetência pelo cargo de “Director de Campanha”. O certo é que José Romano não gostou de ser surpreendido pela notícia e afastou-se de imediato do cargo.
Com esta aproximação estratégica ao PS, parece-me que Nóvoa compromete em definitivo a imagem de independência e de uma espécie de consciência crítica da esquerda moderada que vinha construindo desde que começou a participar na vida política. O candidato parece preferir o trunfo eleitoral que será o apoio oficial do PS à luta mais difícil e porventura inglória de uma candidatura verdadeiramente independente e aglutinadora das esquerdas, que não se revêem no situacionismo vigente e do qual o PS é um dos pilares fundamentais.
À direita, é Rui Rio, a eminência parda do PSD, que deita contas à vida com a cada vez mais provável candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, muito mais popular, culto, cosmopolita e bem relacionado nos meios políticos e mediáticos da capital do que o provinciano que geriu o Porto com contabilidade de merceeiro, pondo a Câmara a dar lucro ao mesmo tempo que cortava a fundo na política social e cultural da cidade. Marcelo será o favorito da direita e Rio tenta não ser irremediavelmente posto fora da corrida dando a entender que é candidato, mas que só lá para Outubro anunciará uma decisão.
[…] A aproximação ao PS, se não viria de trás, evidenciou-se na candidatura presidencial de 2016, sendo apoiado por muitos socialistas e permitindo até a infiltração do aparelho do PS na sua campanha. […]
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