Já o tinha assinalado anteriormente, mas as declarações do ministro Crato, tentando justificar o injustificável e lançar poeira aos olhos de todos os que vêem o que é evidente, obrigam-me a insistir:
Ministro da Educação nega a ideia que os exames foram fáceis, dizendo que “os alunos que estão a começar a adaptar-se melhor a este sistema”.
Na visão anti-eduquesa de Crato, o sistema não existe para os alunos, devendo por isso adaptar-se a eles, são os alunos que existem para servir o sistema, adaptando-se o melhor possível às ideias absurdas, preconceituosas e infundamentadas que levaram à transformação das provas de aferição em exames nacionais.
Não lhes interessa saber, e nem isso querem discutir, se os exames são a forma adequada para avaliar crianças de 10 ou 12 anos, nem tão pouco reconhecer a evidência de que provas deste tipo para esta faixa etária são a excepção, e não a regra, nessa Europa a que se ufanam de pertencer.
A existência de exames tornou-se um dogma do regime, uma bitola normalizadora à qual tudo se sacrifica, da diferenciação e da autonomia pedagógicas até ao calendário escolar dos examinados e dos outros alunos que ficam sem aulas.
No final vêm elogiar a subida de resultados em provas propositadamente mais fáceis e com critérios de classificação mais generosos, escamoteando quantos milhares de alunos que fariam fraca figura nestas provas foram postos de lado, encaminhados para o ensino vocacional ou para aquela ficção surrealista dos “exames de escola” sobre a qual muito haveria também a dizer.
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